quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Procurando um aquário

 Sair da cidade em que você nasceu, teve o seu primeiro paquerinha, a primeira desilusão amorosa, a primeira professora chata, o primeiro patins (aqueles de rodas laterais e flourescente) não é tão simples. É como se arrancassem-lhe do chão deixando ali metade de suas raízes, outras você leva consigo e algumas, inevitavelmente, perdem-se no caminho.
“Xiririca” foi a primeira palavra que eu consegui ler, era o nome de um posto perto da minha casa. Cada dia lia um pedaço, na esperança de conseguir completar a palavra, ficava minutos e mais minutos tentando lembrar quais as outras letras para, assim, conseguir lê-la.
 Além das lembranças, o que me sobrara? Algo que me ligasse àquele lugar, que me identificasse logo de cara, como um crachá... é, eu tinha o sotaque.
Como eu era feliz, ou menos triste, quando eu dizia “presente”, já em terras sergipanas, e todos os colegas de sala me olhavam, cochichavam, sabiam que eu não era dali. Hoje quando digo que sou de Sampa ouço “é mesmo?”. Como assim “é mesmo”?? Não parece? É, acho que não...
O lado bom é que posso me sentir um pouco mais em casa, talvez não tão peixinho fora d’água quanto antes, mas também, não pertenço mais com tanta força àquela que me recebeu quando o mundo ouviu meu choro pela primeira vez.
Sinto-me como se não pertencesse mais a São Paulo, tão pouco a Aracaju. Gosto de Aju, apesar do calor por vezes insuportável, até já criei umas raízes, mas não é a mesma coisa... ainda são frágeis.
Definitivamente, à vezes sinto-me sem identidade e sem sotaque....

3 comentários:

  1. Digamos que vc é paulista de nascença e sergipana de coração, pq aqui nessa terra mora seu amigo sem o qual vc não vive: eu!

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  2. Eu já te disse, você é daqui. Não adianta tentar mudar isso!! Bjo

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  3. =)
    Mas é assim mesmo...
    Eu tou sem identidade, sem sotaque, sem amigos... num lugar que eu nem sei onde começa, quanto mais onde termina.
    Cada um com suas escolhas e seus 'arduos' caminhos...
    Te amo irma =)

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