quinta-feira, 7 de abril de 2011

Parabéns aos jornalistas


    Já ouvi muitas reclamações de colegas de profissão. Principalmente sobre o salário. Bom, temos tantas outras profissões, nunca é tarde para fazer algo que, teoricamente, lhe dê mais dinheiro. Pena que as pessoas esqueçam que dinheiro não é tudo. Ajuda, e muito! Mas não é tudo. Certa vez ouvi, não lembro de quem, a frase “Ser jornalista não dá para ganhar bem, mas dá para viver com dignidade”. Isso basta.
    Quando alguém entra na faculdade para cursar jornalismo, os formados dizem “coitado, mais um pobre”. Ou então “ainda dá tempo para desistir”. Tudo bem que a nossa categoria não recebe tão bem assim (apesar de que, já vi muito jornalista com carro de luxo circulando por aí), mas nenhum emprego é perfeito. Os médicos fizeram uma paralisação contra os abusos dos planos de Saúde. Os que se formam em direito reclamam do dificílimo exame de ordem da OAB, e assim vai. Acho que não temos que nos concentrar na parte ruim dos empregos e sim na parte boa.
    Estou trabalhando em uma redação a pouquíssimo tempo e já vi coisas que me fizeram entender a importância da minha profissão.
Se não fossem pelos jornalistas, como o familiar de um enfermo iria reclamar a falta de assistência? Como os órgãos públicos seriam pressionados para respeitar a população? Os jornalistas vão aonde autoridade alguma vai. Nós somos os olhos e ouvidos da sociedade.
     Eu também queria receber um salário bem gorducho e me sentiria muito mais valorizada. Mas, as coisas não são assim, só ficar reclamando não muda nada. Acredito na mudança, na melhoria para a nossa categoria, mas as mudanças são lentas. Enquanto ela não vem vou pensar no quão bom é ouvir a esposa de um enfermo que está definhando em um hospital, ligar feliz, agradecendo e dizendo que prometeram que vão resolver o problema deles. Quer salário melhor?

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Eu os declaro marido e mulher


Todos se põem de pé. Começa uma das marchas mais tradicionais. O coração do rapaz bate mais que toda a bateria de uma escola de samba. As portas se abrem, ela entra, normalmente vestida de branco como um anjo. O brilho nos olhos e o sorriso traduzem o que a alma da jovem sente. O acompanhante entrega-a para o rapaz. Eles se olham com a mais sublime ternura e entrega. O padre prossegue a cerimônia.

O casamento sempre tem aquele tom de perfeição, de felizes para sempre. Os noivos ficam meses e meses preparando tudo. Gastos altíssimos que têm como justificativa a união de dois seres que são almas gêmeas.

Quando acaba a lua-de-mel (para o que conseguem ter), a vida real bate à porta e, mesmo sem ser convidada, invade a vida do mais novo casal.

Temos uma cultura de que casar é o “fim” para todos os seres (até que estamos evoluindo). Dizem que todo mundo precisa de alguém, de um par (lembrando que par e alguém não são sinônimos de casamento). Nas novelas só se fortalece a ideia de que casar é a melhor coisa do mundo e tudo “termina” no altar. Como se casar fosse obrigação e fosse a resolução de todas as coisas desagradáveis já vividas. O final feliz da novela tem sempre um casalzinho na igreja, fazendo juras eternas de amor (deixa a primeira conta exorbitante chegar...)

Acho que, justamente por isso, por essa tamanha responsabilidade que jogam nas costas do casamento, que divórcios e infidelidade aumentam a cada dia. Hoje casa-se sem conhecer direito o par, e aí estou tendo como base a vida dos famosos, que exibem com orgulho o 14º esposo...

Pergunto-me, qual o objetivo de se casar? Para a mulher seria lavar louça, deixar a casa um brinco, fazer almoço e janta não importa o quão cansada esteja? E para o homem? Engordar, ter que ganhar mais do que a mulher e aí pagar a maior parte das despesas, deixar de sair para beber com os amigos?

“Ah, as coisas mudaram, isso não existe mais”. Ah, não? Em eu classe social não existe mais? Porque se o casal tem dinheiro para manter uma empregada doméstica, ótimo, a mulher pode respirar um pouco mais, ir trabalhar fora o que eleva a auto-estima de qualquer pessoa.

Uma mulher de classe mais baixa, normalmente deixa de trabalhar em função dos afazeres domésticos. Fica suada, com cheiro de cebola, o cabelo engordurado, as unhas com o esmalte descascando. O marido chega, vê essa mulher e esquece quem ela é por dentro, o amor vai sumindo. Sendo assim, esse marido começa a dar menos atenção a mulher e começa a enxergá-la como uma empregada. Elogios? Para ela é palavra fora do dicionário. Um beijo? Uma noite romântica? Uma noite caliente? Tudo começa a se resumir a necessidade humana e tchau, nada além.

O que deveria importar para um casal é a harmonia, respeito, união, amor e compreensão existente entre eles, sob qual teto moram deveria ser secundário. Até porque casar, não é uma brincadeira que você pode tirar uma folga quando está com vontade de sair sozinho, de chegar tarde em casa, de ser preguiçoso e irresponsável, pelo menos dentro do seu lar (claro que nem sempre).

É muito difícil fazer o amor sobreviver ao dia a dia, quase sempre ele é soterrado pelas cobranças (sejam afetivas ou financeiras), pela rotina, pelas brigas (que se tornam mais constantes e por motivos cada dia mais banais).

Não achem esse texto um absurdo, apenas está sendo escrito por alguém que ainda (espero continuar assim) não foi engolido por essa falsa sensação de final feliz.

Se um casal de namorados vive bem, tem uma certa liberdade (por exemplo, dormir na casa um do outro as vezes), se divertem juntos, tem seu espaço, qual o motivo de mudar tudo isso? Quem foi que disse que morar junto traz mais felicidade para alguém? Como diria um sábio desconhecido por mim: Time que está ganhando não se muda.

Acham que eu sou mercenária, não é? Por ter dado importância ao “dinheiro”, mas, me digam: qual é o mal do século? Quem destrói qualquer harmonia? Quem tira o sono de milhões de pessoas? Porque acordamos cedo num feriado para trabalhar? Quem não se estressa com isso? Combater as brigas pela falta de dinheiro dentro de casa é inútil. Infelizmente isso afasta sim, centenas de casais.

É por isso que eu continuo achando que casamento não é a solução, acho até que não é tão bom quanto pintam nos quadros, porém, há casais felizes! Que superam todas as dificuldades, que sabem ceder e dividir, compartilhar, que são cúmplices, como manda o figurino.

Certa vez li uma frase, não lembro onde, mas dizia que se você casa para ser feliz o relacionamento nunca dará certo, mas se você casa para fazer o outro feliz, aí sim...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Amiga traíra

Ah, o verão!!
Para uns, hora de comprar um biquine, ir a praia, pegar aquele bronze desfilando o corpitchu de fazer inveja…
Para outros a chegada do verão quer dizer que é hora de pagar uma academia, comer apenas folhas e esperar por um milagre que leve toda a gordurinha em excesso, que todos os pneuzinhos sumam de uma vez, que a celulite seja uma página virada. O verão não é legal para todo mundo...
Tudo bem que nós, as fora de forma, tivemos o ano todo para malhar, mas é que malhar está no sangue, ou você adora, ou você tem repulsa. Não pensem que é fácil essa vida de fora de forma.
Além de uma luta diária com o espelho e as roupas que insistem em encolher a cada final de semana regado a pizza, refrigerante, acarajé, tapioca (porque coisa boa engorda??) ainda temos o “apoio” das revistas ditas “femininas”. Se você ainda não notou começa a reparar, somos perseguidas por elas, aquelas revistinhas maquiavélicas que são cheias de receitinhas milagrosas (lê-se fajutas!): perca 5Kg em uma semana. Perca 17Kg no mês. Dieta da Lua. Emagreça com saúde. Blá blá blá...
É uma pressão psicológica tão grande que a mulherada surta e começamos a achar que estamos fora do padrão, ou seja, que somos feias e acabadas. Até porque as capas dessas inimigas femininas disfarçadas (as tais revistas) são compostas por atrizes, modelos, que trabalham com a beleza, têm um horário para malhar, fora que contam com a melhor dieta do século 21: o photoshop. Batidinho com iogurte fica delicioso e ele desaparece com as celulites, estrias, gordurinhas localizadas, tudo!
Mas é sério, hoje em dia a mulher “normal” tem que ser muito autoconfiante para não ficar pirada com tanta informação sobre como emagrecer, que ela deve emagrecer para, só aí, ser bonita (o que não é verdade).
Melhorar a alimentação, fazer exercícios traz um benefício muito mais importante do que a estética: a saúde, que praticamente não é citada nessas revistinhas que parecem com aquela melhor amiga que rouba seu namorado, sabe? Você confia, ouve tudo que ela fala, mas no final das contas, ela só está preparando o terreno para te apunhalar.
E sabe o que é pior nisso tudo? Semana que vem começo a minha dieta e vou para a academia...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Ela está definhando

   Eu ficor penssando purque que as pessoa inssitem eim escrever erado, por que elas estam tão desatentas e dando cada dia menos atenssão pra o portugueis...
Nossa como foi difícil escrever assim, fiquei com medo de ser um caminho sem volta. Mas, realmente isso me incomoda, me toma horas de vários dias e não consigo achar uma resposta.
   Certa vez uma colega começou a procurar erros de português no Twitter. Acabamos descobrindo que existe uma nova língua. Por exemplo, nesse universo existe a palavra boussa, fassil, facio, voçê, vosse.. Ah! Preciso de uma pausa para falar sobre as variações de “você”. O que o cidadão pensa? Que existem cinco variações para “você”? Já vi gente escrevendo dois tipos na mesma frase! Ah, vá! De onde essas pessoas tiram esses carrascos da ortografia??
   Quando uma pessoa escreve cumprimento no lugar de comprimento, ou quando usa a gente e deveria ser agente, sela e cela, ou quando se atrapalha ao escrever exceção, ta, vai, menos mal, eu ‘disse’ MENOS mal, o que não quer dizer que deixa de ser mal, enfim, agora errar palavras (expressões) tão básicas e presentes no nosso dia a dia como: você, me, te amo (variação dos ETs: te amor), paciência (ETs: paciênciar – que não existe em hipótese alguma), isso já é uma desgraça, uma calamidade pública!
   O pior disso tudo é que ninguém se importa, mais pessoas erram, mais dialetos alienígenas são criados e pouco se vê para mudar esse quadro... Parece que os professores não estão nem aí, achando que não é problema deles. Para mim é sim, até um professor de matemática tem que saber escrever para corrigir os erros ortográficos de seus alunos.
   “Mas a internet...” Olha, vamos parar de tentar pôr a culpa em máquinas, na tecnologia, a internet está aí, coitadinha, sendo crucificada. A culpa é nossa, é de quem lê “fácil” e consegue, sem peso na consciência, escrever “facio”. É de quem escreve sem saber o que está escrevendo. E não venham culpar a modernidade, a pressa dos tempos modernos.
   A culpa é dos pais, dos professores, dos alunos, de todo mundo que vê alguém errando e deixa para lá, como se isso não fosse interferir em nada. E, pensando bem, no que interfere, não é mesmo? É só a língua do meu país, para que saber escrever certo?
   E os acentos? Puro Luxo! Sumiram! Foram esquecidos por essa geração que será o futuro do Brasil, isso se eles conseguirem escrever Brasil....



   Só um apêndice necessário. Estava ouvindo uma rádio onde tinha uma promoção: o ouvinte ligava e a locutora fazia uma pergunta e aí a pessoa estaria concorrendo a sei lá o que.
Segue o diálogo:
Locutora: O que a Princesa Isabel fez no dia 13 de maio? Letra a) Um jantar b) aboliu a escravatura c) uma festa a fantasia
Ouvinte: Uma festa a fantasia

Me recuso a tecer qualquer comentário...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Verdadeiro ou Falso?



Que os pais se preocupem com o futuro de sua cria tudo bem. Mas, colocar seus filhos, ou melhor, suas crianças da 4ª série (5º ano, ainda não me acostumei com essa nova denominação) em vestibulinhos?! Pera lá!!!
Vamos contar comigo: 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª, 1º, 2º e 3º. São SETE anos pensando em V ou F, não acham exagero?
             Eu já acho massacrante – e aí me refiro à educação – os alunos mais maduros serem obrigados a só se preocuparem em assinalar V ou F. Ah! Sem esquecer que devem riscar direitinho o caderno de resposta (O que é uma tarefa árdua. Será que o cérebro humano aguenta tanto??).
            Sinto como se dessem um adeus à educação e um gigante bem-vindo à alienação. Parece que só vale a pena estudar o que cairá no vestibular. E o resto? Ah, é resto! Quero saber onde vai parar a interpretação, a lógica....
            E, voltando ao vestibulinho, alunos da 4ª série têm entre 11 e 10 anos. Com essa idade deveriam focar na parte pedagógica da escola, no convívio social da criança. O que importa, para eles, é brincar, ser criança, consolidar sua base educacional – sem uma boa base, já era indivíduo.
            Pior que os pais não têm muita opção. Ou colocam seus filhos no meio desse tornado ou eles serão banidos das faculdades pelo sistema, afinal, a concorrência estará muito mais preparada... e robotizada também...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Procurando um aquário

 Sair da cidade em que você nasceu, teve o seu primeiro paquerinha, a primeira desilusão amorosa, a primeira professora chata, o primeiro patins (aqueles de rodas laterais e flourescente) não é tão simples. É como se arrancassem-lhe do chão deixando ali metade de suas raízes, outras você leva consigo e algumas, inevitavelmente, perdem-se no caminho.
“Xiririca” foi a primeira palavra que eu consegui ler, era o nome de um posto perto da minha casa. Cada dia lia um pedaço, na esperança de conseguir completar a palavra, ficava minutos e mais minutos tentando lembrar quais as outras letras para, assim, conseguir lê-la.
 Além das lembranças, o que me sobrara? Algo que me ligasse àquele lugar, que me identificasse logo de cara, como um crachá... é, eu tinha o sotaque.
Como eu era feliz, ou menos triste, quando eu dizia “presente”, já em terras sergipanas, e todos os colegas de sala me olhavam, cochichavam, sabiam que eu não era dali. Hoje quando digo que sou de Sampa ouço “é mesmo?”. Como assim “é mesmo”?? Não parece? É, acho que não...
O lado bom é que posso me sentir um pouco mais em casa, talvez não tão peixinho fora d’água quanto antes, mas também, não pertenço mais com tanta força àquela que me recebeu quando o mundo ouviu meu choro pela primeira vez.
Sinto-me como se não pertencesse mais a São Paulo, tão pouco a Aracaju. Gosto de Aju, apesar do calor por vezes insuportável, até já criei umas raízes, mas não é a mesma coisa... ainda são frágeis.
Definitivamente, à vezes sinto-me sem identidade e sem sotaque....

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Som fatal


Ainda não conheci alguém que não se incomode com os carros de som. Nessa época de política esses instrumentos de comunicação são ainda mais odiados.
   Hora de ver o jornal e aí resolve passar aquele carro de som com os jingles “criativos” da maioria dos candidatos, a gente aumenta o volume da televisão até o máximo, mas não adianta, não tem quem consiga vencê-los.
   Quem nunca se pegou cantarolando alguns desses jingles?! Taí, os carros de som são uma ótima ferramenta para dominação do mundo, uma lavagem cerebral eficaz e barata!
   Para a sorte da maioria esses carros passam, incomodam, mas passam e aí ficamos curtindo o silêncio até que outro carrasco sonoro chegue. Somos privilegiados, sabiam? Certa vez estava olhando um senhorzinho dentro de um desses carros, para o azar ainda maior dele, o carro era de um candidato que tem o jingle menos criativo do mundo, o número do dito cujo se repete constantemente e é só isso. Enfim, o senhorzinho estava com uma cara de zumbi, tive pena.
   Comecei a pensar: meu, se esses carros me matam quando passam dois minutos na frente da minha casa, como esses motoristas de carro de som aguentam?! Eles devem sonhar com a música, passar o dia inteiro com aquela chatice rondando a sua cabeça.
   Esses profissionais deveriam receber adicional de insalubridade! Esses pobrezinhos ainda têm que chegar em casa ouvir a gritaria dos filhos, a mulher reclamando porque ele trabalha muito e não tem tempo para ela, que tem conta para pagar e etc.
   Sem contar que deve ser muito gostoso dirigir a 5km por hora o dia inteiro, nossa, que delícia!
   Hoje a minha homenagem vai para eles, os bravos guerreiros, motoristas dos carros de som!