Todos se põem de pé. Começa uma das marchas mais tradicionais. O coração do rapaz bate mais que toda a bateria de uma escola de samba. As portas se abrem, ela entra, normalmente vestida de branco como um anjo. O brilho nos olhos e o sorriso traduzem o que a alma da jovem sente. O acompanhante entrega-a para o rapaz. Eles se olham com a mais sublime ternura e entrega. O padre prossegue a cerimônia.
O casamento sempre tem aquele tom de perfeição, de felizes para sempre. Os noivos ficam meses e meses preparando tudo. Gastos altíssimos que têm como justificativa a união de dois seres que são almas gêmeas.
Quando acaba a lua-de-mel (para o que conseguem ter), a vida real bate à porta e, mesmo sem ser convidada, invade a vida do mais novo casal.
Temos uma cultura de que casar é o “fim” para todos os seres (até que estamos evoluindo). Dizem que todo mundo precisa de alguém, de um par (lembrando que par e alguém não são sinônimos de casamento). Nas novelas só se fortalece a ideia de que casar é a melhor coisa do mundo e tudo “termina” no altar. Como se casar fosse obrigação e fosse a resolução de todas as coisas desagradáveis já vividas. O final feliz da novela tem sempre um casalzinho na igreja, fazendo juras eternas de amor (deixa a primeira conta exorbitante chegar...)
Acho que, justamente por isso, por essa tamanha responsabilidade que jogam nas costas do casamento, que divórcios e infidelidade aumentam a cada dia. Hoje casa-se sem conhecer direito o par, e aí estou tendo como base a vida dos famosos, que exibem com orgulho o 14º esposo...
Pergunto-me, qual o objetivo de se casar? Para a mulher seria lavar louça, deixar a casa um brinco, fazer almoço e janta não importa o quão cansada esteja? E para o homem? Engordar, ter que ganhar mais do que a mulher e aí pagar a maior parte das despesas, deixar de sair para beber com os amigos?
“Ah, as coisas mudaram, isso não existe mais”. Ah, não? Em eu classe social não existe mais? Porque se o casal tem dinheiro para manter uma empregada doméstica, ótimo, a mulher pode respirar um pouco mais, ir trabalhar fora o que eleva a auto-estima de qualquer pessoa.
Uma mulher de classe mais baixa, normalmente deixa de trabalhar em função dos afazeres domésticos. Fica suada, com cheiro de cebola, o cabelo engordurado, as unhas com o esmalte descascando. O marido chega, vê essa mulher e esquece quem ela é por dentro, o amor vai sumindo. Sendo assim, esse marido começa a dar menos atenção a mulher e começa a enxergá-la como uma empregada. Elogios? Para ela é palavra fora do dicionário. Um beijo? Uma noite romântica? Uma noite caliente? Tudo começa a se resumir a necessidade humana e tchau, nada além.
O que deveria importar para um casal é a harmonia, respeito, união, amor e compreensão existente entre eles, sob qual teto moram deveria ser secundário. Até porque casar, não é uma brincadeira que você pode tirar uma folga quando está com vontade de sair sozinho, de chegar tarde em casa, de ser preguiçoso e irresponsável, pelo menos dentro do seu lar (claro que nem sempre).
É muito difícil fazer o amor sobreviver ao dia a dia, quase sempre ele é soterrado pelas cobranças (sejam afetivas ou financeiras), pela rotina, pelas brigas (que se tornam mais constantes e por motivos cada dia mais banais).
Não achem esse texto um absurdo, apenas está sendo escrito por alguém que ainda (espero continuar assim) não foi engolido por essa falsa sensação de final feliz.
Se um casal de namorados vive bem, tem uma certa liberdade (por exemplo, dormir na casa um do outro as vezes), se divertem juntos, tem seu espaço, qual o motivo de mudar tudo isso? Quem foi que disse que morar junto traz mais felicidade para alguém? Como diria um sábio desconhecido por mim: Time que está ganhando não se muda.
Acham que eu sou mercenária, não é? Por ter dado importância ao “dinheiro”, mas, me digam: qual é o mal do século? Quem destrói qualquer harmonia? Quem tira o sono de milhões de pessoas? Porque acordamos cedo num feriado para trabalhar? Quem não se estressa com isso? Combater as brigas pela falta de dinheiro dentro de casa é inútil. Infelizmente isso afasta sim, centenas de casais.
É por isso que eu continuo achando que casamento não é a solução, acho até que não é tão bom quanto pintam nos quadros, porém, há casais felizes! Que superam todas as dificuldades, que sabem ceder e dividir, compartilhar, que são cúmplices, como manda o figurino.
Certa vez li uma frase, não lembro onde, mas dizia que se você casa para ser feliz o relacionamento nunca dará certo, mas se você casa para fazer o outro feliz, aí sim...