quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Verdadeiro ou Falso?



Que os pais se preocupem com o futuro de sua cria tudo bem. Mas, colocar seus filhos, ou melhor, suas crianças da 4ª série (5º ano, ainda não me acostumei com essa nova denominação) em vestibulinhos?! Pera lá!!!
Vamos contar comigo: 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª, 1º, 2º e 3º. São SETE anos pensando em V ou F, não acham exagero?
             Eu já acho massacrante – e aí me refiro à educação – os alunos mais maduros serem obrigados a só se preocuparem em assinalar V ou F. Ah! Sem esquecer que devem riscar direitinho o caderno de resposta (O que é uma tarefa árdua. Será que o cérebro humano aguenta tanto??).
            Sinto como se dessem um adeus à educação e um gigante bem-vindo à alienação. Parece que só vale a pena estudar o que cairá no vestibular. E o resto? Ah, é resto! Quero saber onde vai parar a interpretação, a lógica....
            E, voltando ao vestibulinho, alunos da 4ª série têm entre 11 e 10 anos. Com essa idade deveriam focar na parte pedagógica da escola, no convívio social da criança. O que importa, para eles, é brincar, ser criança, consolidar sua base educacional – sem uma boa base, já era indivíduo.
            Pior que os pais não têm muita opção. Ou colocam seus filhos no meio desse tornado ou eles serão banidos das faculdades pelo sistema, afinal, a concorrência estará muito mais preparada... e robotizada também...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Procurando um aquário

 Sair da cidade em que você nasceu, teve o seu primeiro paquerinha, a primeira desilusão amorosa, a primeira professora chata, o primeiro patins (aqueles de rodas laterais e flourescente) não é tão simples. É como se arrancassem-lhe do chão deixando ali metade de suas raízes, outras você leva consigo e algumas, inevitavelmente, perdem-se no caminho.
“Xiririca” foi a primeira palavra que eu consegui ler, era o nome de um posto perto da minha casa. Cada dia lia um pedaço, na esperança de conseguir completar a palavra, ficava minutos e mais minutos tentando lembrar quais as outras letras para, assim, conseguir lê-la.
 Além das lembranças, o que me sobrara? Algo que me ligasse àquele lugar, que me identificasse logo de cara, como um crachá... é, eu tinha o sotaque.
Como eu era feliz, ou menos triste, quando eu dizia “presente”, já em terras sergipanas, e todos os colegas de sala me olhavam, cochichavam, sabiam que eu não era dali. Hoje quando digo que sou de Sampa ouço “é mesmo?”. Como assim “é mesmo”?? Não parece? É, acho que não...
O lado bom é que posso me sentir um pouco mais em casa, talvez não tão peixinho fora d’água quanto antes, mas também, não pertenço mais com tanta força àquela que me recebeu quando o mundo ouviu meu choro pela primeira vez.
Sinto-me como se não pertencesse mais a São Paulo, tão pouco a Aracaju. Gosto de Aju, apesar do calor por vezes insuportável, até já criei umas raízes, mas não é a mesma coisa... ainda são frágeis.
Definitivamente, à vezes sinto-me sem identidade e sem sotaque....

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Som fatal


Ainda não conheci alguém que não se incomode com os carros de som. Nessa época de política esses instrumentos de comunicação são ainda mais odiados.
   Hora de ver o jornal e aí resolve passar aquele carro de som com os jingles “criativos” da maioria dos candidatos, a gente aumenta o volume da televisão até o máximo, mas não adianta, não tem quem consiga vencê-los.
   Quem nunca se pegou cantarolando alguns desses jingles?! Taí, os carros de som são uma ótima ferramenta para dominação do mundo, uma lavagem cerebral eficaz e barata!
   Para a sorte da maioria esses carros passam, incomodam, mas passam e aí ficamos curtindo o silêncio até que outro carrasco sonoro chegue. Somos privilegiados, sabiam? Certa vez estava olhando um senhorzinho dentro de um desses carros, para o azar ainda maior dele, o carro era de um candidato que tem o jingle menos criativo do mundo, o número do dito cujo se repete constantemente e é só isso. Enfim, o senhorzinho estava com uma cara de zumbi, tive pena.
   Comecei a pensar: meu, se esses carros me matam quando passam dois minutos na frente da minha casa, como esses motoristas de carro de som aguentam?! Eles devem sonhar com a música, passar o dia inteiro com aquela chatice rondando a sua cabeça.
   Esses profissionais deveriam receber adicional de insalubridade! Esses pobrezinhos ainda têm que chegar em casa ouvir a gritaria dos filhos, a mulher reclamando porque ele trabalha muito e não tem tempo para ela, que tem conta para pagar e etc.
   Sem contar que deve ser muito gostoso dirigir a 5km por hora o dia inteiro, nossa, que delícia!
   Hoje a minha homenagem vai para eles, os bravos guerreiros, motoristas dos carros de som!